"Minha mãe me chamou de Maria… mas eu sou o João!" A dificuldade de lidar com o Alzheimer
- Redação - Casa da Praia
- 18 de jul.
- 2 min de leitura
Se você convive com alguém que tem Alzheimer, essa cena pode parecer familiar: o idoso acorda, te olha com estranhamento e pergunta: "Quem é você mesmo?". Você responde com carinho: "Sou seu filho." E ele, com toda a convicção do mundo: "Tem certeza?"
É que o Alzheimer bagunça a linha do tempo do cérebro. O passado e o presente se misturam. Às vezes, o idoso vive tão intensamente uma memória antiga, que acredita estar nela, e você, nesse enredo, pode ser o irmão, a vizinha de infância ou até a professora do grupo escolar.
Outras vezes, ele simplesmente esquece como se fala uma palavra comum, como “escova”, ou não se lembra como se escova os dentes. Pode parecer bobo, mas isso é muito sério, e muito desafiador para quem cuida.
Esses lapsos de memória não são birra, preguiça ou descaso. São sintomas de uma doença que altera profundamente a forma como a pessoa se relaciona com o mundo. E é por isso que o cuidado com alguém com Alzheimer precisa ir além do cuidado técnico: ele precisa ser humano, respeitoso e cheio de paciência.
Na Casa da Praia, aprendemos todos os dias a entrar no tempo dos nossos idosos. Às vezes, é 2025. Outras vezes, é 1972. Em vez de corrigir, preferimos acolher. Se ele acha que está indo para o trabalho, ajudamos a encontrar a gravata. Se acha que somos alguém da juventude, sorrimos e seguimos a conversa com carinho.
É assim que conseguimos construir vínculos, mesmo quando os nomes falham. Porque, no fim das contas, mais importante do que ser reconhecido como filho, filha ou neto… é ser reconhecido como alguém que ama e cuida.
E isso, felizmente, o coração nunca esquece.
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